Prefeitura e FGV apresentam resultados apurados sobre riscos e impactos climáticos previstos para Matão

Última reunião do ano aconteceu no Gabinete, nesta terça-feira (25), sendo que nos dias 26 e 27 de novembro será realizado um checklist (ferramenta de autoavaliação) sobre a infraestrutura existente na Prefeitura.

Prefeitura e FGV apresentam resultados apurados sobre riscos e impactos climáticos previstos para Matão

Esta ação se desenvolve a partir de uma parceria entre a Prefeitura de Matão, a Citrosuco e o Instituto Votorantim, com apoio da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por meio do Centro de Estudos em Sustentabilidade (FGVces). A união garante a articulação em rede do grupo de Apoio a Gestão Pública – Ação Climática (AGP), por meio de estudos e análises sobre ameaças, riscos e impactos climáticos em todo território pertencente ao município, para que posteriormente se possa elaborar um ‘Planejamento’ para análise de sua vulnerabilidade climática.

Para o prefeito Cido Ferrari, que não esteve presente na reunião, em razão de viajem a trabalho, em Brasília, “assim como estudar as mudanças climáticas está na agenda de todo o mundo, em Matão também precisamos entender desse assunto, de forma técnica e aprofundada, para nos embasarmos com propriedade na hora de decidirmos sobre investimentos e pontos de melhorias para Matão. Estamos construindo agora um futuro sustentável".

Estiveram presentes no encontro, o vice-prefeito Diego Mingorance, bem como os secretários Robson Moreira (Segurança, Trânsito e Defesa Civil) e Adauto Lavezo (Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável). Diversos representantes da sociedade civil, empresas, coletivos, ONGs, também marcaram presença.

Nesse ínterim, o vice-prefeito Diego Mingorance apresentou seu interesse em desenvolver planos de prevenção ao descarrilamento de trem, bem como as queimadas próximas à linha férrea. Sobre isso, o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adauto Lavezo falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo município, mas reforçou o compromisso da gestão em colocar em prática as ações, uma vez estruturadas em projeto e ou plano de ação.

Durante o ano de 2025, o grupo AGP - Ação Climática, levantou informações sobre a questão climática em Matão, para assim mensurar como o município gerencia os riscos, a fim de desenvolver metodologias para adaptação às mudanças climáticas. O estudo contou com a participação de servidores das Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; Segurança, Trânsito e Defesa Civil; Educação e Cultura; Desenvolvimento Social e Cidadania; Desenvolvimento Econômico; e Secretaria de Governo.

A técnica da FGV Laura Portela, que representa o ‘Apoio à Gestão Pública – Ação Climática (AGP)’, apresentou, por meio de ‘slides’, planilhas com dados e projeções climáticas para Matão. Os percentuais foram apurados junto a diversos institutos de pesquisa, como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Atlas Digital de Desastres no Brasil e dados da plataforma AdaptaBrasil.

Além da reunião, a equipe técnica da Fundação Getúlio Vargas apurou junto aos representantes de vários órgãos da Prefeitura, um checklist (apanhado) sobre a qualidade da infraestrutura, bem como a existência ou não de legislação, planos, políticas públicas e equipamentos tecnológicos, sejam mecanismos que dão suporte aos diversos serviços prestados na cidade, como: máquinas, ferramentas, recursos físicos e recursos humanos.

Neste sentido, Laura Portela mostrou ainda, o mapa climático elaborado pela equipe da FGV conjuntamente com os Líderes de Execução da gestão pública, sendo Carlos Faglioni (elaboração e desenvolvimento), Luciano Leite e Robson Moreira. O mapa climático será disponibilizado em PDF a todos os participantes, permanecendo como um instrumento em atualização constante para orientar políticas públicas.

Foram apresentados cinco produtos principais: dados e projeções climáticas para Matão; linha do tempo dos riscos climáticos; calendário de riscos e impactos; análise de vulnerabilidade climática; e uma trilha de caminhos formativos voltada à capacitação dos atores locais. De modo geral os participantes avaliaram que as reuniões foram bastante produtivas, sendo que os integrantes trocaram muitas ideias e informações, que poderão servir de base para a construção de um plano de ação, em 2026.

Na avaliação do secretário de Segurança, Trânsito e Defesa Civil, Robson Moreira, “essa integração promovida pela FGV leva a criação de novas ferramentas baseadas nos riscos já mapeados pela nossa equipe, dentro do município, e assim colabora com o processo de capacitação dos técnicos em relação ao uso de tecnologias inovadoras e ferramentas de gestão, voltadas ao combate dos problemas gerados pelas mudanças climáticas, o que diante dos fatos, inevitavelmente, precisamos realizar”.

Ao longo do ciclo, desenvolvido em 2025, foram realizadas quarenta atividades com a participação de sessenta e seis pessoas, entre as quais trinta servidores públicos, representantes de vinte organizações governamentais e dezenove organizações da sociedade civil. O GTL de Matão, composto por cinquenta e duas pessoas, foi o maior comparado aos demais dos sete municípios participantes, e apresentou indicadores de diversidade que também foram compartilhados com o grupo.

Houve diálogo sobre os conceitos fundamentais de ameaça e risco climático. Enquanto a ameaça diz respeito ao evento climático em si, como chuvas fortes, seca ou incêndios, o risco resulta da combinação entre vulnerabilidade, exposição e probabilidade de prejuízo. Os dados mostram que Matão enfrenta ameaças significativas relacionadas à seca, escassez hídrica, aumento dos problemas respiratórios, queimadas, enchentes e doenças transmitidas pela água.

Assim também foram exibidos gráficos com a progressão das queimadas nos últimos anos, variações da vazão das chuvas e médias históricas de precipitação, demonstrando um cenário instável em que os indicadores flutuam com frequência. Dados do AdaptaBrasil e do DAEE revelam ainda que o município atravessou um período de seca severa entre outubro de 2024 e outubro de 2025.

O grupo discutiu os impactos sazonais mais comuns no município. No verão, a população sente com mais força os efeitos das viroses, enchentes, quedas de energia, tempestades de poeira e problemas no trânsito, além de prejuízos ao rendimento escolar. Na primavera, aumentam a poeira, a estiagem, o risco de queimadas e o consumo de energia e água.

Já no inverno, predominam a seca, os problemas respiratórios e as síndromes gripais, agravados pelos altos níveis de poeira e pela maior incidência de doenças transmitidas pela água. Uma das perguntas trazidas pelo grupo, sobre o período de maior recarga dos aquíferos, foi respondida com base em dados técnicos: abril é o mês com maior abastecimento, o que indica a necessidade de intensificar ações preventivas contra a seca entre abril e setembro.

Também foram discutidas as conexões entre os fenômenos macroclimáticos e seus efeitos no âmbito local, com destaque para a explicação do engenheiro Carlos Faglioni sobre as dinâmicas dos ‘rios voadores’ e sua influência direta nas condições regionais.

Outras contribuições incluíram preocupações com problemas hídricos na região de Américo Brasiliense, sugestões para ampliar a arborização urbana, fortalecer a aproximação da prefeitura com ONGs e comerciantes, implantar boulevards no centro da cidade e garantir representações mais técnicas nos comitês municipais. Também foi ressaltada a importância de aprofundar o trabalho com a juventude e expandir projetos de educação ambiental que utilizem outras linguagens e metodologias.

O encontro foi encerrado com o compartilhamento de todos os produtos desenvolvidos e com o entendimento comum de que o AGP fortaleceu articulações importantes e gerou insumos sólidos para que Matão avance na construção de políticas mais resilientes, capazes de responder às mudanças do clima nos próximos anos.

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